30/12/2010

viagem atribulada

Ia eu de viagem do Xai Xai para Lourenço Marques. O veículo de transporte era um automóvel, o qual era conduzido pelo meu marido, os passageiros, era eu que tinha passado, havia pouco tempo, pela experiencia, enriquecedora, de ser mãe, pela primeira vez e o meu filhote, que não tinha passado um mês, desde que tinha visto a luz do astro rei pela primeira vez.

 

O pequenote ia acomodado no banco de trás do carro, dentro de uma alcofa, feita de palha, alcofa essa que tinha saído das mãos de um artesão, que talvez por erros dele e má fortuna, estava detido numa penitenciaria lá para os Lados do Xai Xai, e enfeitada por mim, com toda a paciência, inerente ás mulheres que vão ser mães principalmente, pela primeira vez

 

A alcofa era revestida com um tecido amarelo com bolinhas brancas. Naquele tempo não era usual fazer-se eco grafias, e essa falta impedia-nos de saber o sexo do bebé antes de nascer, então optei pelo amarelo que dava para menino e menina.

 

A viagem corria bem, até quede repente, tão de repente que nem houve tempo para dizer «ai» salta uma cabrita do mato para a estrada, para a frente do carro. O condutor, meu marido, fez uma travagem de emergência, tão emergente quanto lhe foi possível, mas mesmo assim albarruou a cabrita, que não morreu, pelo menos ali

 

Como naquela época não se usava cinto de segurança, nem outras protecções, todos nós ficamos sujeitos ás leis da física sem nada que as contraria-se A alcofa, e seu precioso conteúdo, tombaram para o chão do carro, ficando pela ordem lógica, a primeira por cima da segunda, o pequenote que nunca se tinha visto numa situação daquelas, e todos nós temos medo do desconhecido, começou a chorar desesperadamente. O que hoje me dá vontade de rir, quando recordo, naquela altura provocou-me pavor. O meu filho chorava aflitivamente. Não pensei em mais nada senão em tira-lo daquela situação deplorável, assustadora para ele e para mim. Abri a porta do carro e saí para a estrada, a minha sorte foi que uma coisa, que também não se usava naquela época, era muitos carros na estada, tirei a «malvada» da alcofa de cima dele, peguei-lhe ao colo e a muito custo lá o calei. Fiz o resto da viagem com ele ao colo. Felizmente não lhe aconteceu nada de mais.

 

A viagem tinha o intuito de consultar um médico, neste caso uma médica, Dr. Ana Flores Costa pediatra. Contei-lhe o episódio e ela descansou-me

Da cabrita não soube mais nada

 

Rosa Cortez

Sem comentários: