04/04/2011

À ESPERA - MIA COUTO

"Aguardo-te
como o barro espera a mão.

Com a mesma saudade 
que a semente sente do chão.

O tempo perde a fonte
e a manhã nasce tão exausta 
que a luz chega apenas pela noite.

O relógio tomba
e o ponteiro se crava
no centro do meu peito.

Fui morto pelo tempo
no dia em que te esperei."

Mia Couto in Idades Cidades Divindades

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